Agosto Lilás e a violência contra a mulher: por ela, por nós, por todas

Um mês para reforçar a luta pelo fim da violência contra a mulher

por Maria Eduarda

Sul Fluminense

Agosto é o mês dedicado para a conscientização pelo fim da violência contra a mulher. A campanha foi criada por meio da Lei Maria da Penha, que surgiu em 07 de agosto de 2006 e o objetivo é informar, sensibilizar e mobilizar a sociedade.

A violência física é a mais visível, porém é apenas uma das faces desse problema. Muitas mulheres sofrem em silêncio com violências psicológicas, morais, patrimoniais e sexuais, que são formas igualmente devastadoras e suportadas muitas vezes em silêncio.

 

Números que escancaram uma triste realidade

Pesquisa recente realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Datafolha (2024) revelou que 37,5 % das brasileiras (cerca de 27,6 milhões de mulheres) sofreram algum tipo de violência no período de um ano. A violência psicológica foi a mais comum, seguida da física e do stalking.

Ainda segundo o estudo, em 40 % dos casos o agressor era o parceiro ou ex-parceiro íntimo, e 57 % das agressões aconteceram dentro de casa. O lar, infelizmente, para muitas mulheres ainda é o lugar mais perigoso.

 

A violência que não deixa marcas visíveis

A violência psicológica, por exemplo, está presente em palavras humilhantes, controle excessivo, manipulações e ameaças. A mulher passa a duvidar de si mesma, da sua capacidade e muitas vezes acaba se questionando sobre sua sanidade mental: “será que estou exagerando? ele vai mudar”. Com isso, acaba silenciando a dor e a intensificando.

A psicologia tem um papel muito importante nessa luta. É na escuta do nosso trabalho, que muitas mulheres encontram força para se reconhecerem como vítimas, resgatarem a autoestima e reconstruírem a autonomia. Tomar a consciência de que está passando por um ciclo de abuso e rompê-lo não é fácil, mas é possível e precisa ser enfrentado.

 

Mais do que uma campanha, um chamado à empatia

Com isso, o Agosto Lilás também é um convite para a reflexão. É o momento de lembrar que não existe amor onde há medo, que ele não controla e não machuca. Refletir também sobre a posição de julgamento e apontamento que muitas pessoas fazem ao ver uma mulher passando por uma situação de violência. Ao invés disso, estenda a mão, ofereça a escuta ativa, seja a rede de apoio e não de afastamento. O seu apoio pode ser o primeiro passo para encorajar uma mulher a se libertar.

Se você está vivendo uma situação desse tipo, saiba que você não está sozinha. Busque ajuda profissional, denuncie.
Ligue 180, para a Central de Atendimento à Mulher, que funciona de forma gratuita, sigilosa e 24 horas.

Que possamos conscientizar as pessoas e promover coragem não só em Agosto, mas em todos os meses. Toda mulher tem o direito de viver com dignidade, respeito e segurança.

 

Gabriela Rocha

Gabriela Rocha é casada, tem 2 filhas e psicóloga clínica, palestrante e especialista em Terapia Cognitivo Comportamental. Formada em Psicologia Aplicada ao Cuidado e Mindfulness e Atenção Plena. Possui o foco na área de relacionamentos e autoconhecimento. Seu principal objetivo é desenvolver sua prática profissional de maneira humana e empática.

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