Sul Fluminense
Em 2007, a professora Celi Lucas Moreira e o marido, Carlos Augusto Stelet, decidiram que queriam ser pais. Ela, professora. Ele, músico. A vontade de formar uma família sempre existiu, e a adoção surgiu como caminho natural. “Quando nos casamos, a gente descobriu que seis filhos já era a intenção. Depois de cinco anos de casados, descobrimos que não poderíamos ter filhos biológicos, partimos para a adoção. Foi bem tranquilo tomar essa decisão”, conta.
Naquele mesmo ano, o casal ingressou no Cadastro Nacional de Adoção, passou por entrevistas com psicólogo e assistente social e pelas reuniões de habilitação. Celi lembra que o processo era mais simples do que hoje, mas igualmente exigente. “Eles querem saber se a família está realmente preparada, se tem estrutura emocional.”
Foi nesse período que o casal recebeu uma notícia que mudaria tudo: três irmãos estavam na Fundação Beatriz Gama, em Volta Redonda. Júlio, de 3 anos, Igor, de 7, e Iago, de 8. “Quando disseram que eram três e que um deles tinha paralisia cerebral, a gente não pensou duas vezes. Dissemos que ficaríamos com todos. A gente sempre disse: se tiver irmão, a gente não vai querer separar.”
A autorização judicial veio rápido, e o encontro foi imediato. “O Júlio realmente foi amor à primeira vista. Ele é encantador. Todo mundo é apaixonado por ele”, diz Celi. “Pensa bem: três crianças, uma com paralisia cerebral, um menino de sete anos, outro de oito. Qual a chance de serem adotados juntos? Quase nenhuma.”.

Foto: Arquivo pessoal / Celi Lucas Moreira
As adoções necessárias
Casos como o da professora revelam o quanto ainda é raro encontrar pretendentes dispostos a acolher grupos de irmãos ou crianças com deficiência. A assistente social Paula de Almeida Pereira, da Vara da Infância e Juventude e do Idoso (TJRJ), explica que o perfil mais procurado por quem deseja adotar segue restrito. “A maioria dos habilitados quer adotar até cinco anos. Mas muitas vezes as crianças e adolescentes disponíveis não se encaixam nesse perfil: são mais velhas, fazem parte de grupos grandes de irmãos, têm problemas de saúde ou estão no espectro autista.”
Para Paula de Almeida Pereira, o próprio termo “adoção tardia” já precisa ser superado. “Há alguns anos não temos utilizado o termo adoção tardia. Usamos ‘adoções necessárias’, porque ‘adoção tardia’ dá a ideia de que aconteceu tarde, que a criança perdeu tempo. O que ocorre é que algumas crianças e adolescentes só sofrem alguma violação de direito que dá causa à destituição do poder familiar quando já estão mais velhas. Daí necessitam de uma família substituta através da adoção.”
A história de Celi confirma essa realidade. Depois dos três meninos, em 2010, chegou a filha caçula, uma menina de oito anos e meio, vinda de um abrigo em Campo Grande, no Rio de Janeiro. “Stefany saiu de casa, se perdeu, e um bombeiro achou ela na praia. Depois, já adulta, contou pra gente que não tinha se perdido. Saiu de casa e decidiu não voltar. Hoje ela está na Suíça estudando música.”, diz a mãe orgulhosa.
Mais tarde veio Pedro, o mais velho. “O Pedro era filho de um casal de amigos nossos. O pai faleceu de câncer quando ele tinha dez anos. Depois, a mãe também teve câncer e precisou ser internada. Ele ficou comigo e nunca mais saiu. É meu filho, mesmo sem papel.”
Para quem deseja adotar
Enquanto a professora fala de afeto, Paula de Almeida Pereira explica os bastidores do processo. “Para adotar, a pessoa deve procurar a Vara da Infância, entregar a documentação, fazer o curso de preparação e passar por entrevistas com o assistente social e o psicólogo. Estando tudo certo, ela recebe o certificado de habilitação e entra no Sistema Nacional de Adoção”, diz. O processo é gratuito e, segundo ela, é acompanhado de perto por equipes multidisciplinares.
Separar irmãos, como os filhos de Celi, é sempre a última alternativa. “Primeiro, buscamos trabalhar a família — pai e mãe — e depois verificar a possibilidade dos demais parentes. Esse processo pode atrasar as adoções, mas é direito da criança ser educada e criada em sua família. A Justiça e a rede de proteção à criança trabalham para atender ao melhor interesse da criança.”
Com a morte do marido, em 2018, a professora enfrentou novas provações. “Depois que meu marido faleceu, foi muito difícil. Os meninos ficaram revoltados. Na cabeça deles: ‘Agora que estava tão legal e a vida tira nosso pai também’. Foi muito, muito difícil. Mas nós somos uma família normal. Muito feliz, muito triste, com altos e baixos.”
Rede de apoio acolhe famílias e ajuda a enfrentar os desafios da adoção
Celi transformou a experiência em missão. Hoje, coordena o Grupo de Apoio à Adoção de Volta Redonda (GAA-VR), que se reúne mensalmente para acolher pretendentes e famílias em diferentes estágios do processo. “O grupo tem esse papel na cidade: fazer o crescimento de cada um no seu tempo. A gente acolhe quem está cansado da fila, quem pensa em desistir. É um espaço para troca e esperança.”
Pereira reforça que esse tipo de grupo é essencial. “Em Volta Redonda, o habilitado tem a obrigação de participar de grupos como o GAA-VR ou o GAA-BM. Esses espaços são fundamentais para que as pessoas convivam com diferentes experiências e construam uma rede de ajuda mútua.”

Foto: Arquivo pessoal / Celi Lucas Moreira
Segundo ela, os grupos ajudam a desconstruir preconceitos ainda presentes. “Há o medo de não conseguir atender às demandas de uma criança com deficiência ou problema de saúde, a ideia de que os filhos têm que ser iguais aos pais em relação à cor e os custos de ter muitos filhos. Tem também o medo do passado, de não serem considerados pais porque a criança já viveu muito tempo com a família biológica, e de serem abandonados no futuro.”
A assistente social também destaca a diversidade nas formações familiares. “A habilitação de casais homoafetivos e pessoas que adotam sozinhas não apresenta diferença em relação a casais. Da mesma forma que os habilitados são trabalhados para adotar, as crianças também são preparadas. Elas aprendem que existem diferentes tipos de família e que podem ser adotadas por formatos variados: um pai, uma mãe, um casal, dois pais ou duas mães.”
Entre as formalidades explicadas pela assistente social e as experiências de Celi, a adoção aparece como um exercício de construção e permanência. “Eu sempre digo pros meus filhos: a gente precisa contar a nossa história, porque as pessoas precisam saber que é possível. Não porque é fácil, mas porque o amor também nasce de outras formas”, diz a professora.


O corpo está em modo “economia de energia”. É comum sentir mais cansaço e desejar conforto.
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A transformação começa no espelho
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