Burnout feminino: quando o cansaço vai além do corpo e a mente pede socorro

A exaustão que atinge tantas mulheres não é apenas física, é o resultado de uma sobrecarga invisível, alimentada por cobranças, culpa e a cultura do “dar conta de tudo”.

por rayla peixoto

Sul Fluminense

Cansaço. Essa é a palavra que mais ouço quando atendo mulheres.
Mas não é um simples cansaço comum: é aquele que não passa com uma boa noite de sono. É uma exaustão que parece morar não só no corpo, mas também na mente.

A síndrome de burnout já foi muito associada somente ao ambiente corporativo, mas vem ganhando novos olhares, especialmente quando falamos sobre a vida das mulheres. Ela não se manifesta apenas no trabalho, mas também dentro de casa: na sobrecarga mental de quem precisa dar conta de tudo e de todos, todos os dias.

As cobranças são enormes: a mãe que trabalha o dia inteiro e ainda se culpa por não brincar o suficiente com os filhos. Do outro lado, a profissional que precisa provar o tempo todo que é competente e ainda dar conta da casa. A mulher que sente que se parar, tudo desmorona.

O mais preocupante é que muitas vezes essa exaustão é completamente invisibilizada.
Quando uma mulher diz que está cansada, ainda é comum ouvirem dela:
“Mas você tem tudo, por que tá assim?”, “É só se organizar melhor.”, “Todo mundo tá cansado.”, “Mulher foi criada pra dar conta de tudo mesmo.”

Essas frases invalidam o sofrimento e empurram ainda mais para o silêncio, a culpa e solidão. O burnout feminino tem raízes em uma cultura que naturalizou a sobrecarga, uma cultura que aplaude o “dar conta”, o “ser forte”, o “não precisar de ajuda”.

A força sem pausa adoece. Antes mesmo de chegar nesse ponto, muitas mulheres já calaram seus sentimentos pelo medo da invalidação, pelo costume, pela cobrança de sempre ter que estar de pé. O cuidar sem cuidado próprio traz o esgotamento. A falta de suporte, de colo, de palavras, de divisão de tarefas… tudo pesa.

Reconhecer o burnout é o primeiro passo para sair do piloto automático e buscar ajuda.
É importante ficar atenta aos sinais físicos: insônia, irritabilidade, lapsos de memória, falta de prazer nas coisas que antes eram boas, crises de choro sem motivo aparente.
A mente pede socorro, mas muitas vezes o pedido vem disfarçado de um simples “tô só cansada.”

É preciso escutar esse cansaço com seriedade. Entender que pedir ajuda e descansar é necessidade, não fraqueza.

A cura do burnout começa quando a mulher deixa de se cobrar o impossível e aprende aos poucos a se acolher no possível. Quando entende que não precisa ser perfeita, precisa ser real.
Com limites, com pausas, com cuidado.
Buscar ajuda psicológica pode ser o início de um caminho de resgate do seu equilíbrio, da sua saúde e de você mesma.

 

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