A bailarina e pastora Hosana Cruz atravessou o oceano movida por um chamado: servir. Em uma viagem missionária ao continente africano, ela encontrou crianças órfãs vivendo em condições de extrema pobreza e, a partir dessa experiência, decidiu transformar sua vocação em propósito.
“Minha vocação tem sido um instrumento para servir e lançar sementes de bondade. Poder servir a uma comunidade, servir a uma nação como a África, através do meu talento, é muito mais do que ser abençoada, pois a dança prospera e permite prosperar outras pessoas, de abençoar”, contou em entrevista à titular do Diário Delas, Renata Parçardes.
Aos 50 anos, Hosana Cruz deixou para trás o conforto da rotina em Volta Redonda, no Sul Fluminense, para viver dias de intensa entrega em Angola. Lá, conheceu orfanatos e comunidades marcadas pela escassez. “Uma menina de 11 anos segurou na minha mão e disse ‘mãe, me adota’. Eu não tive palavras”, relembra.
De volta ao Brasil, ela fundou o Projeto Blue, que oferece aulas de balé e oficinas de arte para mais de 170 crianças em Angola. Parte dos recursos vem da venda de produtos desenvolvidos pelo grupo, como a boneca Esperança, confeccionada em oficinas por mulheres que também enfrentavam depressão. “A primeira bonequinha levava o nome de uma menina do orfanato. Quando você compra, passa a orar por uma criança. É uma forma de missão com as mãos e com o coração.”

A experiência também fez Hosana Cruz repensar o valor da presença e da generosidade. “Hoje aprendi que o presente é o agora. Não há nada mais importante do que estar aqui, ouvir, abraçar e agradecer. O mundo está muito agitado, mas ainda é possível escolher o amor”.
O Blue se tornou um movimento de mulheres que encontraram, em diferentes formas de doação, uma maneira de transformar vidas, inclusive as próprias. “Quando a gente serve, a gente também é curada. A generosidade é uma semente que sempre floresce”, diz.
O que mais te marcou na viagem à África?
Sem dúvida, o olhar das crianças. O pedido daquela menina por uma mãe e o choro de um bebê que não queria me soltar foram momentos que me atravessaram. Eles me mostraram o quanto o amor é universal e o quanto ainda há espaço para agir com compaixão.
Como nasceu o Projeto Blue?
Ele nasceu da necessidade. Fui à África para dar aulas de balé, mas entendi que precisava ir além. Quando voltei, decidi criar algo que pudesse manter viva aquela esperança. Assim surgiram os produtos e as bonecas, que sustentam as aulas e unem mulheres em propósito.
O que você diria para mulheres que acham que é tarde para recomeçar?
Não é tarde. Cada dia é uma nova oportunidade. Acordar já é um grande motivo para se alegrar. Seja qual for o plano, comece com uma oração e confie. O amor e a fé sempre apontam o caminho certo.
A entrevista completa pode ser acompanhada na íntegra no canal do Diário Delas no YouTube, por meio deste link.
