Sul Fluminense
Ao longo da vida, muitas mulheres são ensinadas a cuidar de tudo e de todos. Crescem ouvindo que precisam ser fortes, resilientes, compreensivas e, por vezes, silenciosas. São filhas, mães, esposas, avós, cuidadoras, e tantas vezes esquecem de cuidar de si mesmas. Mas o tempo passa, o corpo muda, a rotina também, e chega o momento em que essas mulheres se veem diante do espelho e se perguntam: “E agora, quem sou eu?”
Envelhecer ainda é, infelizmente, um tabu para muitas mulheres. A sociedade insiste em valorizar a juventude como sinônimo de beleza e produtividade, empurrando para a invisibilidade aquelas que já passaram dos 60. No entanto, a velhice não deveria ser um fim, e sim um recomeço, uma fase rica em aprendizados, autonomia e liberdade. Ser mulher e ser idosa é, acima de tudo, uma oportunidade única de protagonizar a própria história com sabedoria e autenticidade.
Protagonismo feminino na maturidade
Nesse cenário, a ideia de protagonismo ganha um novo significado. A mulher idosa que assume o comando da sua vida, que decide cuidar de si mesma, da sua saúde física, emocional e cognitiva, rompe padrões antigos e se reinventa. Ela passa a ocupar o espaço que é seu por direito, não como coadjuvante na vida de outros, mas como autora do próprio destino.
Esse protagonismo se manifesta de várias formas: quando ela retoma um sonho antigo, quando participa de grupos sociais, quando busca aprender algo novo, quando diz “não” para o que não lhe faz bem. Ele está presente na mulher que escreve, que dança, que viaja, que ama, que chora, que compartilha suas memórias, mas que também continua aberta para o futuro.
Cuidar da mente, por exemplo, é uma forma poderosa de autocuidado e resistência. A estimulação cognitiva, feita por meio de atividades que exercitam o cérebro, como leitura, jogos, escrita, arte e interação social, fortalece a autonomia e contribui para um envelhecimento saudável. A mente ativa mantém a mulher conectada ao presente, preparada para lidar com as transformações da idade e firme em suas decisões.

Redes de apoio e novos capítulos
É importante também reconhecer o valor das redes de apoio: amigas, familiares, grupos, comunidades. O envelhecimento feminino não precisa ser solitário. Pelo contrário, ele pode (e deve) ser vivido em coletivo, com trocas ricas, escuta, acolhimento e fortalecimento mútuo. Quando uma mulher idosa compartilha suas experiências com outra, ela planta sementes de sabedoria e afeto que atravessam gerações.
Ser mulher e ser idosa é carregar em si a história viva de um tempo. É ter passado por dores e alegrias, por lutas e conquistas, e ainda assim seguir em frente com esperança. É olhar para trás com orgulho e para frente com coragem. É reconhecer que sua vida vale ser contada, não como repetição de padrões, mas como expressão da própria essência.
Por isso, é tempo de celebrar as mulheres que envelhecem com liberdade e propósito. E mais do que isso: é tempo de dar voz a essas mulheres. Que cada uma possa olhar para si com gentileza, com orgulho da trajetória que construiu, e com a certeza de que o melhor capítulo pode ser escrito agora. Porque ser mulher, ser idosa e ser protagonista da própria história é, antes de tudo, um ato de amor.

