Por Luciana Cavallari
Quando olhamos uns para os outros, vemos rostos diferentes, histórias diferentes, vidas diferentes. Mas há algo invisível que nos conecta: todos nós conhecemos uma mulher que já enfrentou alguma forma de violência.
Talvez seja sua mãe, que por anos silenciou diante de palavras que a diminuíam, talvez seja sua irmã, que alterou seu caminho para casa por medo, talvez seja sua amiga, que riu de uma “brincadeira” enquanto algo se quebrava dentro dela ou talvez seja sua filha, que aprendeu cedo demais a desconfiar. Ou, para as mulheres que me escutam, talvez seja você mesma.
A violência contra a mulher não é um problema abstrato. Não é uma estatística fria. Não é algo que acontece apenas com “os outros”. É uma realidade que respira ao nosso lado, que caminha pelas mesmas ruas que nós, que se senta à nossa mesa.
Cada história não contada é uma ferida que continua aberta, cada silêncio é uma permissão. Cada vez que viramos o rosto, tornamo-nos parte do problema.
E hoje precisamos escolher enxergar, escolher ouvir, escolher agir.
Porque lutar contra a violência de gênero não é apenas uma questão de justiça para as mulheres, é uma questão de humanidade para todos nós. É sobre o tipo de sociedade em que queremos viver, sobre as relações que queremos construir, sobre o futuro que queremos deixar.
O que peço a você hoje não é heroísmo, é consciência, é coragem cotidiana.
Coragem para questionar piadas que denigrem, coragem para intervir quando testemunhar desrespeito, coragem para acreditar quando uma mulher compartilha sua dor, coragem para examinar seus próprios comportamentos e privilégios.
A mudança real não acontece apenas em tribunais ou delegacias. Acontece em mesas de jantar, em conversas entre amigos, nas palavras que escolhemos, na forma como educamos nossas crianças, na maneira como amamos.
Não se comova apenas, se comprometa! Não apenas se sensibilize, mas se transforme em um agente de mudança.
Porque cada vez que você se posiciona, uma porta se abre para alguém que precisa de ajuda.
Porque cada vez que você rompe um ciclo de violência, você salva não apenas a vítima de hoje, mas todas as potenciais vítimas de amanhã.
Porque cada pequeno ato de resistência constrói um mundo onde nossas filhas poderão caminhar sem medo.
Este é um ponto de partida. É um compromisso que devemos assumir uns com os outros, e com todas as mulheres que tiveram sua voz calada.
Por elas. Por nós. Por um futuro onde conversas como essa, não sejam mais necessárias.
O momento de agir é agora e começa com você.