Sul Fluminense
A maternidade é celebrada como um dos momentos mais incríveis da vida de uma mulher, e com razão. Mas junto do amor imenso, do cheirinho de neném e dos marcos inesquecíveis, vem também algo pouco falado (mas muito vivido): a carga mental.
É aquele cansaço que vai além do físico. É pensar em mil coisas ao mesmo tempo. É lembrar de comprar fralda, de marcar consulta, de como o bebê está se alimentando, da vacina que tá chegando, do lanche da escola… e, no meio disso tudo, se perguntar: “E eu? Onde eu fiquei?”
O que é carga mental materna?
Carga mental é o nome dado ao acúmulo invisível de responsabilidades que geralmente recaem sobre as mulheres, e que, na maternidade, se intensifica. Vai muito além das tarefas práticas: é o planejamento constante, a vigilância mental e a gestão emocional da casa, dos filhos e da vida.
Mesmo quando dividem as tarefas do dia a dia, muitas mães seguem sendo as “gerentes gerais” da família, o cérebro por trás do funcionamento de tudo. E isso exaure.

Culpa materna: a sombra que acompanha a rotina
Se tem algo que quase toda mãe conhece bem, é a culpa. Culpa por trabalhar demais. Culpa por querer um tempo sozinha. Culpa por não dar conta de tudo. Culpa por estar cansada.
Essa culpa, embora compreensível, é um peso desnecessário, e perigoso. Ela mina a autoestima, aumenta o estresse e impede que a mulher se permita o descanso e o cuidado.
Autocuidado emocional: necessidade, não luxo
O autocuidado na maternidade não é sobre spa ou viagens longas (embora isso também seja ótimo quando possível!). É sobre pausas conscientes. É pedir ajuda sem culpa. É chorar se precisar. É conversar com amigas, com profissionais, com o parceiro. É entender que estar exausta não te faz menos mãe, só te faz humana.
Algumas formas de cuidar da saúde emocional no pós-maternidade:
- Estabelecer redes de apoio (amigas, família, grupos de mães)
- Terapia, se possível
- Práticas diárias de presença: 10 minutinhos de respiração consciente já ajudam
- Momentos de lazer individuais (nem que seja um banho demorado)
- Validar os próprios sentimentos, sem julgamento
A psicóloga Gabriela Rocha, que também é mãe, explica que muitas mulheres sentem culpa ao se priorizarem no pós-maternidade porque tendem a querer carregar tudo sozinhas. “A cultura associa amor à entrega total, como se ser mãe significasse sacrificar tudo: tempo, corpo e vida. Mesmo tentando fazer diferente, a sociedade julga, e, segundo ela, qualquer autocuidado vira sinônimo de egoísmo. Além disso, há o medo: de falhar, de não ser suficiente, de perder momentos. E esse medo se transforma em culpa”, completa.
Para ressignificar, Gabriela lembra: “Antes de sermos mães, somos mulheres. Com desejos, limites e vontades. Um filho não precisa de perfeição, mas de uma mãe viva, inteira.” E finaliza: “Para dar conta de tantos papéis, essa mulher precisa estar bem consigo mesma , senão, tudo ao redor desmorona também.”
Lembrar que está tudo bem em não dar conta de tudo.
A maternidade é potente, mas também pode ser solitária. E o caminho para uma maternidade mais leve começa quando a gente para de tentar ser tudo — e começa a ser o suficiente. Porque mãe perfeita não existe. Mas mães reais, que se acolhem e se respeitam, estão construindo um novo futuro para si e para os filhos.
Você não está sozinha. E sua saúde emocional importa muito.
