O que é amar na vida real?

Amar na vida real não é um conto de fadas.

por rayla peixoto

Sul Fluminense

A gente cresce ouvindo histórias de amores perfeitos, mas quando o amor chega com boletos, sacolas de mercado e olheiras, percebemos que ele é mais profundo, e trabalhoso, do que parece nas redes sociais. Amar na vida real é dividir o fone e a pia cheia de louça, é se encantar e, ainda assim, se irritar. O amor não desaparece com o fim da paixão: ele muda de forma, vira respeito, cuidado e presença. A terapeuta de casais Elaine Damasceno fala mais sobre isso.

Elaine Damasceno | Terapeuta de Casais | @elaine_damascenoo

 

Amor com altos e baixos

Todo relacionamento tem fases boas e difíceis. Amar na vida real é entender que os altos e baixos fazem parte, e que a conexão vem do comprometimento, não da perfeição. É escolher crescer junto, mesmo fora do script.

“O erro que mais tem levado casais ao divórcio vem da percepção que a vida conjugal é uma grande máquina que funciona sozinha. . Com tantas exigências externas, o relacionamento acaba recebendo apenas as sobras de energia, tempo e paciência.

Outro problema é a expectativa exagerada criada por comparações com a vida perfeita das redes sociais. Cada casal é único, mas muitos tentam reproduzir gestos de outros, esquecendo o que realmente importa.

O casamento deve ser visto como um carro que precisa de manutenção e combustível específicos. Não dá para viver no piloto automático. É preciso respeitar o tempo do outro, comunicar-se com empatia e entender quando é hora de conversar ou simplesmente deixar passar. Isso fortalece a relação com maturidade e consciência”, nos conta a terapeuta.

A rotina, os boletos e o amor

A vida adulta traz responsabilidades que nem sempre combinam com o romance dos filmes. O amor na vida real está nos detalhes: no “peguei o pão pra você”, no carinho antes de dormir e no esforço de manter o vínculo mesmo nos dias difíceis.

Primeiro entender que amar não é sorrir a todo tempo tão pouco concordar em todas as situações. Amar é escolher todos os dias no “apesar de” …  

Aliás, arrisco é dizer que é na tempestade que se mede de fato esse sentimento tão abstrato.

Para manter vivo o amor, sugiro PARCERIA E RESPEITO. Talvez esses são os principais elementos para um casamento leve e duradouro.”

Escolhas diárias que constroem amor

O amor não é só sentimento, é escolha diária. Amar na vida real é escutar, ceder, dialogar e caminhar junto, mesmo que fora do ritmo. É construir vínculos com confiança e acolhimento, sabendo que o outro não te completa, mas caminha ao seu lado enquanto você se completa.

A “síndrome de Gabriela” de “nasci assim e vou morrer assim” não funciona em um casamento. É preciso fazer ajustes diários no comportamento, pois o que servia na vida de solteiro ou em outras relações pode não se aplicar à atual. A disposição para mudar é o que sustenta e dá longevidade ao relacionamento.

Não existe certo ou errado absoluto, mas sim o que foi acordado entre o casal. Descumprir acordos é o que gera conflito. Assim como em qualquer relação, o casamento precisa de acordos claros, que façam sentido para ambos, e que podem (e devem) ser revistos com o tempo”, finaliza a terapeuta Elaine Damasceno.

No fim das contas…

O amor da vida real não tem filtro, nem trilha sonora. Ele tem verdade. E isso é mais do que suficiente.

Se você está em um relacionamento, talvez se reconheça em muitos dos pontos dessa conversa. E se estiver solteira, tudo bem também, porque entender o que é amar de verdade começa, antes de tudo, com o amor-próprio. Aquele que se constrói sem pressa, com paciência, e que serve de base para qualquer relação saudável.

A vida pode não ser um romance de cinema. Mas com cuidado, presença e respeito, ela pode ser um livro bonito escrito a quatro mãos.

 

 

 

 

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