‘A Lição’: Quando o inocente paga o preço

por diario delas

Série coreana aborda o impacto de uma jornada implacável de vingança
“Se você me pedir, vou me desculpar com você até morrer.”
“Por quê?”
“Porque eu sinto muito por você, de verdade”.

O diálogo faz parte do 13º episódio de ‘The Glory’ (A Lição, 2022) – disponível na plataforma de streaming Netflix – e acontece uma mulher adulta, Moon Dong-eun (Song Hye-kyo), e uma menininha chamada Ha Ye-Sol (Oh Ji-yul), e foi o que definiu toda a série. Com apenas uma temporada e 16 episódios, ‘A Lição’ é ambientada em 2004 e conta a história de Moon Dong-eun e sua vingança contra os colegas de colégio que a torturaram quando tinha 14 anos.

Fruto de uma família pobre e desestruturada, negligenciada e violentada pela própria mãe, Dong-eun sonhava em ser arquiteta. Conseguiu ser aceita em um colégio de elite e dedicava-se aos estudos com seriedade. Até que um grupo liderado por Park Yeon-jin (Lim Ji-yeon) começa a persegui-la. É bom avisar: as cenas não são de xingamentos ou perseguições, apenas, mas de abuso físico e tortura.

Um dos aspectos mais perturbadores da série é que algumas cenas de violência foram inspiradas em um caso real ocorrido em 2006, na Coreia do Sul. Na ocasião, estudantes de Cheongju espancaram, extorquiram e queimaram uma colega com objetos durante um mês. ‘A Lição’ retrata essa brutalidade por meio da personagem Park Yeon-jin, que utiliza um babyliss como instrumento de tortura.

A jovem Moon Dong-eun é forçada a deixar o colégio e a trabalhar duro para se manter. Ao longo dos anos, enfrenta horas seguidas de trabalho e estudo, sem tempo para distrações. Com muito sacrifício, consegue chegar à faculdade e tornar-se professora – profissão de grande prestígio na Coreia. A ocupação não foi escolhida à toa, já que tudo o que fez desde a saída do foi calculado para se vingar.

Já adulta, formada, com vida financeira estável, Dong-eun retorna à cidade. Ela revê seus colegas, que em momento nenhum demonstram arrependimento pelo que fizeram. Yeoj-jin, a antagonista da série e ‘líder’ do grupo, é casada com um poderoso empresário, tem uma carreira de sucesso como meteorologista e é mãe de uma doce menininha chamada Ha Ye-Sol. Na ânsia de destruir seus algozes, Moon Dong-eun – que parece não ter muitos dilemas éticos para se vingar –se torna professora da garotinha e, a partir daí, começa a se aproximar ainda mais de sua família.

Dong-eun consegue destruir todos os seus inimigos: alguns mortos, outros presos.
As crueldades de Park Yeon-jin são nacionalmente expostas, seu casamento acaba, ela é presa e fica sem a filha, Ye-Sol, que toma conhecimento de tudo o que foi dito sobre a mãe e a rejeita. Além disso, ela acaba descobrindo que seu pai biológico não é o empresário Ha Do-Yeong (Jung Sung-il), mas um amante de sua mãe desde os tempos de escola, o explosivo e mau caráter Jeon Jae-joon (Park Sung-hoon). Com a mãe presa e acolhida pelo pai afetivo, Ha Ye-Sol vai para a Europa.

Ao fim, Moon Dong-eun consegue o que queria: destrói seus algozes e abre caminho para recomeçar. Mas será que é possível mesmo enterrar o passado sem carregar um pedaço dele? Enquanto Dong-eun tenta seguir em frente, Ye-Sol é quem paga o preço mais alto, embora isso não tenha sido explorado pela série. Um spin-off seria bem-vindo.

‘A Lição’, que ainda está no catálogo da Netflix, foi o drama coreano mais visto no mundo entre janeiro e junho de 2023, com 622,8 milhões de horas assistidas – os dados constam do relatório semestral da plataforma de streaming.

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