Por Gabriela Rocha
Setembro é o mês dedicado à conscientização e prevenção do suicídio. Instituído no Brasil em 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o movimento busca abordar esse tema que é frequentemente silenciado.
Todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte no mundo. No Brasil, aproximadamente 12 mil suicídios ocorrem anualmente, enquanto globalmente o número se aproxima de 1 milhão. A cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida, e a cada 3 minutos, alguém tenta suicídio. A taxa é particularmente elevada entre os jovens, e 90% dos casos estão associados a transtornos mentais, como a depressão, bipolaridade e abuso de substâncias sendo os mais prevalentes.
O suicídio é um ato intencional realizado com a finalidade de morte, utilizando meios letais. Compreende pensamentos, planos e tentativas, com o suicídio representando o estágio final dessa escala. Reconhecer esses estágios é crucial para intervenções eficazes.
O suicídio resulta de uma interação complexa de fatores psicológicos, biológicos, culturais e socioambientais. Não é um evento isolado, mas a junção de múltiplos fatores.
Desmistificando o suicídio
- Decisão individual: A crença de que o suicídio é uma decisão racional ignora a condição mental comprometida do indivíduo. Quem está pensando em suicídio frequentemente tem sua capacidade de decisão prejudicada por transtornos mentais.
- Risco permanente: A ideia de que o risco de suicídio é pela vida toda, é falsa. Com tratamento adequado, o risco pode ser significativamente reduzido.
- Chamada de atenção: Nunca subestime uma ameaça de suicídio. Muitas vezes, essas declarações são sinais de alerta para um risco real. Escutamos falas do tipo “quem se suicida não vai avisar antes”, sendo que é um pensamento totalmente negligente. Pessoas pedem socorro o tempo inteiro, e em determinados momentos, só precisam de uma escuta ativa e empática. Não duvide só pelo fato de você não estar passando pela situação.
- Tentativas anteriores: Pessoas que já tentaram suicídio têm maior probabilidade de tentar novamente, especialmente logo após a tentativa.
- Falar sobre suicídio: Discutir o suicídio não aumenta o risco; ao contrário, promove a conscientização e pode ajudar na busca por tratamento. A grande questão é evitar informações detalhadas sobre casos de suicídio e de como foram realizados.
Fatores de risco e protetores
Os principais fatores de risco incluem tentativas prévias e transtornos mentais. Outros fatores incluem desesperança e impulsividade. Não necessariamente a pessoa precisa estar em um quadro depressivo, mas se ela estiver em um alto quadro de desesperança já pode ser um fator comprometedor.
Além disso, vale ressaltar o fator da idade, com maiores taxas entre jovens e idosos.
Outro fator de risco é o gênero. O suicídio é três vezes mais comum entre homens, enquanto tentativas são quatro vezes mais frequentes entre mulheres, devido a dificuldade dos homens de procurar ajuda e sinalizar o desconforto psicológico.
Por fim, condições de saúde como câncer e doenças crônicas também são considerados fatores de risco.
Em contrapartida, temos os fatores protetores e que auxiliam o indivíduo. Fatores sociais, como vínculos familiares e suporte social, também desempenham um papel crucial. Fatores protetores incluem autoestima elevada, bom suporte familiar, laços sociais fortes e razões para viver.
Prevenção
A prevenção eficaz envolve a identificação precoce e tratamento de transtornos mentais. Estudos mostram que 50% a 60% das pessoas que morrem por suicídio nunca consultaram um profissional de saúde mental.
Além disso, 80% das pessoas que cometeram suicídio haviam visitado um médico não psiquiátrico pelo menos um mês antes. É fundamental pensar no preparo desta rede de saúde, como uma rede integrada e preparada para identificar esse tipo de aspecto e comportamento.
Promover a qualidade de vida, oferecer suporte em escolas, ONGs e igrejas, e disseminar informações sobre saúde mental são essenciais. A escuta ativa e a presença podem fazer uma grande diferença. Esteja presente, ofereça a escuta e ajuda.Por fim, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece suporte gratuito e disponível 24 horas por dia pelo número 188. Este recurso é uma alternativa valiosa quando estiver passando por uma dificuldade e não encontrar uma saída.
Divulgue essas informações e ajude a fazer a diferença na vida das pessoas!