O seu medo pode ser ponte para a vida plena

por diario delas

 

Por: Ana Lu Assis

 

Nascimento. Aquele momento em que damos nossa primeira respirada neste mundo, inaugurando a jornada da vida. Esse milagre é acompanhado de desconforto, medo e, muitas vezes, dor. A tal “dor do parto” cede espaço para uma nova vida e, para muitas mães, o melhor presente que a vida pode oferecer.

 

Já pensou que raramente realizamos algo significativo, algo que cause uma mudança profunda, sem enfrentar o medo, o desconforto ou a dor? O medo é, muitas vezes, o prelúdio de realizações incríveis.

Fonte: Freepik

Por outro lado, ele é um mecanismo natural do nosso corpo, um sistema de proteção que nos alerta diante de perigos iminentes. É uma função vital para a nossa sobrevivência. Quando algo foge do comum ou nos tira da zona de conforto, o nosso cérebro entra em alerta.

 

Nesse estado de alerta, o cérebro analisa a situação com base em todas as experiências de medo que temos acumuladas, sejam elas pessoais, herdadas de nossos pais, amigos ou moldadas pelo ambiente em que vivemos.

 

Por causa do medo, adiamos decisões que nos aproximariam dos nossos sonhos mais profundos. Guardamos projetos promissores na gaveta, permanecemos em rotinas que não nos satisfazem, omitimos nossos sentimentos, permanecemos presos em empregos que odiamos, e nos recusamos a publicar um vídeo ou a vivenciar experiências enriquecedoras. Por medo, nos vestimos com a capa do perfeccionismo, que, na verdade, é apenas o medo de nos tornarmos vulneráveis.

 

Movidos pelo medo, criamos desculpas para não compartilhar nossas ideias incríveis com o mundo, contentando-nos com a nossa zona de conforto e, frequentemente, deixando de vivenciar uma vida plena.

 

Num mundo em que as expectativas sociais e pessoais parecem cada vez mais inalcançáveis, o medo de falhar se tornou uma sombra persistente que paira sobre muitas de nós, mulheres. Brené Brown, renomada pesquisadora e autora, enfatiza em seu livro “A Coragem de Ser Imperfeito” que o medo de falhar é uma barreira que impede o nosso crescimento e a nossa capacidade de viver autenticamente. Nas palavras dela: “Vulnerabilidade não é ganhar ou perder; é ter a coragem de se mostrar quando não sabemos o resultado.”

 

Às vezes, a dor é um sinal de que estamos expandindo, crescendo. Eu sentia muita dor nas pernas na infância, durante o meu crescimento. E continuo sentindo dor em cada nova fase da minha vida, especialmente na minha empresa. Mas também já experimentei muita dor ao ultrapassar meus limites e ignorar os sinais do meu próprio corpo.

Fonte: Freepik

 

O grande desafio reside em reconhecer se o desconforto, o medo e a dor nos protegem ou nos limitam. Recentemente, ouvindo um podcast chamado “Para Dar Nome às Coisas”, Natalia, a autora do podcast, compartilhou uma reflexão valiosa para nos orientar em momentos como esse. Se alguém estivesse contando a sua história, como você a aconselharia? Se fosse uma amiga, uma irmã ou alguém que você ama profundamente, que conselho ofereceria a ela? Ou, imaginando que esse momento da sua vida fosse uma cena de filme, como a conduziria para que o personagem não sofresse tanto? Será que o faria descansar ou desafiaria seus limites? Qual seria o próximo passo que levaria esse personagem mais perto do desfecho que ele deseja nessa história? Seria o fim de um relacionamento, a superação do perfeccionismo ou o lançamento de uma ideia revolucionária no mundo? Optaria por uma mudança de emprego ou um período de preparação?

 

Com frequência, na vida, experimentamos “contrações” e desconfortos que sinalizam o desejo de algo novo nascer em nós, algo que nos faça renascer. Há também uma dor que resulta de ultrapassar nossos próprios limites e negar nossa humanidade.

 

Na dúvida, é fundamental fazer perguntas a si mesmo, ouvir a sua intuição e compreender onde e por que dói. O medo é uma travessia, e a coragem é o medo em movimento. Se do outro lado dessa ponte há vida, nascimento e crescimento, atravesse com desconforto, dor e, sim, com medo.

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8 comentários

lucas 11 de setembro de 2023 - 19:01

Excelente texto ! parabéns a autora! a vida que tanto idealizamos na mente , esta do outro lado do medo…

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Lílian Nobre 13 de setembro de 2023 - 12:19

Que texto maravilhoso! Muita sensibilidade, percepção e amorosidade! Parabéns pela delicadeza da escrita.

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Katia Oliveira 11 de setembro de 2023 - 19:50

Aninha, achou pouco ser linda e nos traz uma analogia do parto; dores para a vida nova.
Sofremos contrações e medo no parto: medo de doer, medo de alguma coisa ser diferente do desejado. O medo não nos impede de parir! Rumo ao novo e avante!

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Gerusa de Souza 11 de setembro de 2023 - 22:00

Muito bom! Muito bom

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Daniele 12 de setembro de 2023 - 00:21

Que texto incrível! Lembrar que a dor faz parte do crescimento me motiva a seguir em frente. A frase do último parágrafo “ O medo é uma travessia, e a coragem é o medo em movimento” fechou com chave de ouro.

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Paula Ayala 12 de setembro de 2023 - 09:12

Olha… coisas que nunca tinha pensado passaram pela minha mente depois de ler este texto. Mudou minha vida

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Moacir Carvalho de Castro Filho 12 de setembro de 2023 - 17:45

Parabéns! Muito bom.

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Farlei 13 de setembro de 2023 - 10:12

Parabéns Ana!! ótimo texto e que realmente penso que serve para todas as pessoas!!

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