Por Aline Tavares
Assim como muitas mulheres que só conhecem a Insuficiência Ístmo Cervical (IIC) após vivenciarem uma ou mais perdas gestacionais. A IIC é uma condição que afeta o colo uterino, tornando-o incapaz de manter uma gravidez até o termo, levando a um trabalho de parto prematuro e, frequentemente, à perda do bebê. Infelizmente, a descoberta da IIC costuma ocorrer da maneira mais dolorosa possível: após uma ou mais perdas gestacionais. Como mãe que perdeu cinco filhos devido à IIC, compreendo profundamente essa dor e a sensação de impotência. No entanto, acredito que é essencial compartilhar o que aprendi e as informações que adquiri ao longo dessa jornada.
A IIC é caracterizada por uma fragilidade no colo uterino, que não consegue suportar o peso do bebê em crescimento, levando a uma dilatação precoce e, eventualmente, ao parto prematuro. Essa condição afeta cerca de 1% das mulheres, ou seja, aproximadamente 10.000 mulheres a cada milhão. Dessas, 9.000 conseguem levar a gestação a termo com uma técnica chamada Cerclagem, que envolve a sutura do colo uterino para evitar sua dilatação precoce. No entanto, há casos mais graves, como o meu, em que apenas uma Cerclagem definitiva, uma técnica mais avançada, é eficaz.
Diagnóstico e tratamento: Uma necessidade urgente
A maioria das mulheres só descobre a IIC após a primeira ou segunda perda gestacional, o que é extremamente doloroso e frustrante. Embora essa prática ainda seja pouco comum, há exames que poderiam ser incluídos na rotina de avaliação de mulheres que planejam engravidar. Por exemplo, na ultrassonografia do primeiro trimestre, um exame prioritário poderia identificar sinais precoces de IIC, permitindo uma intervenção antes que seja tarde demais.
O tratamento para IIC, na maioria dos casos, é a Cerclagem, uma cirurgia em que o cirurgião sutura o colo uterino, impedindo sua dilatação precoce. Essa intervenção pode ser a diferença entre a perda e a continuidade da gravidez.
A jornada de superação e conscientização
Após tantas perdas, decidi que precisava fazer mais do que lutar apenas por minha própria gestação. Juntamente com uma amiga, criei um movimento de conscientização sobre a IIC. O nosso Instagram, @conscientizacaodaiicoficial, é um espaço onde compartilhamos informações, realizamos lives com médicos e buscamos educar mulheres sobre essa condição. Nosso objetivo é claro: levar informações que podem salvar vidas.
Além disso, lancei um projeto de lei que foi aprovado e hoje se tornou a Lei Maitê Tavares, estabelecendo o dia 15 de junho como o Dia da Conscientização da Insuficiência Ístmo Cervical nos municípios de Barra Mansa e Volta Redonda. Esta data é dedicada a educar a população, especialmente em postos de saúde, hospitais e consultórios médicos, sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da IIC.
Informação é poder
Se há algo que aprendi durante essa jornada, é que a informação tem o poder de salvar vidas. Se mais mulheres soubessem sobre a IIC antes de passar por uma perda, muitas tragédias poderiam ser evitadas. Através da conscientização e do compartilhamento de conhecimento, espero ajudar outras mulheres a realizarem o sonho de serem mães, sem a dor de tantas perdas.
A luta pela conscientização da Insuficiência Ístmo Cervical continua, e convido todas as mulheres a se unirem a nós nesse movimento. Juntas, podemos fazer a diferença.