Por Maria Eduarda Mascarenhas
O açúcar influencia diretamente a produção de insulina, hormônio responsável pelo controle da glicose no sangue. Níveis elevados do hormônio podem levar à resistência do corpo a ele. Este é um fator crítico para o desenvolvimento da síndrome do ovário policístico (SOP), condição que afeta milhões de mulheres e está associada à irregularidade menstrual, acne, aumento de pelos e dificuldades para engravidar.
Além disso, o excesso de açúcar pode agravar sintomas da tensão pré-menstrual (TPM), como retenção de líquidos, irritabilidade e compulsão alimentar, tornando esse período ainda mais desafiador.
O consumo frequente de açúcares refinados e carboidratos simples gera picos de glicose seguidos por quedas bruscas, o que leva a uma sensação constante de fome e fadiga. Esse ciclo contribui diretamente para o aumento do peso corporal e acúmulo de gordura abdominal, um dos principais fatores de risco para doenças metabólicas em mulheres.
O impacto não se limita à balança. A ingestão excessiva de açúcar também desregula a produção de leptina e grelina, hormônios responsáveis pelo controle da fome e saciedade, tornando o emagrecimento mais difícil.
Envelhecimento precoce e saúde da pele
O açúcar está diretamente ligado ao processo de glicação, uma reação química que deteriora o colágeno e a elastina, estruturas essenciais para a firmeza e elasticidade da pele. Como consequência, há um aumento na formação de rugas, flacidez e perda do viço natural da pele.
Além disso, mulheres com tendência à acne podem perceber um agravamento do quadro, pois o açúcar estimula a produção de sebo e aumenta a inflamação cutânea. Algumas alternativas equilibradas podem ajudar mulheres que desejam reduzir o consumo de açúcar sem abrir mão do sabor.
O açúcar de coco, por exemplo, tem um índice glicêmico menor do que o refinado, evitando picos e quedas bruscas de energia. O mel e o melado de cana também são opções naturais, mas devem ser consumidos com moderação.
Para quem quer eliminar o açúcar sem perder o doce, é recomendado adoçantes naturais como eritritol, xilitol e stevia, que não elevam a glicemia e ajudam a manter o equilíbrio metabólico. Um truque interessante é usar especiarias como canela e baunilha natural, que dão um toque doce sem precisar de açúcar.
Efeito no bem-estar emocional e mental
O consumo de açúcar provoca um aumento rápido na liberação de dopamina e serotonina, neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. No entanto, esse efeito é temporário, seguido por um declínio que pode resultar em fadiga, irritabilidade e até sintomas de ansiedade e depressão.
Mulheres são mais propensas a desenvolver compulsão alimentar associada a fatores emocionais e o açúcar pode ser um gatilho para essa relação de dependência.
A chave está no equilíbrio. Pequenos ajustes na alimentação fazem uma grande diferença.
Começar o dia com um café da manhã rico em proteínas já reduz aquela vontade de açúcar no meio da tarde. Além disso, trocar carboidratos refinados por versões integrais, como aveia e batata-doce, ajuda a manter a saciedade e evita picos de glicose.
As gorduras boas são importantes, como abacate, castanhas e azeite de oliva, que estabilizam os níveis de açúcar no sangue e reduzem a vontade de beliscar doces. E claro, beber bastante água e controlar o estresse são fundamentais, já que, muitas vezes, o desejo por açúcar vem mais da ansiedade do que da fome real.
Dicas para controlar a vontade de doce sem radicalismos
Apostar em alimentos ricos em triptofano, como banana, ovos e cacau, que estimulam a produção de serotonina e reduzem a necessidade de açúcar. Incluir proteína no café da manhã também ajuda a evitar picos de glicose ao longo do dia.
Outro ponto essencial é a hidratação, já que muitas vezes confundimos sede com fome. Se bater aquela vontade de doce, experimente beber um copo d’água antes. Além disso, escolher substitutos inteligentes, como chocolate 70% cacau, frutas com canela e doces caseiros sem açúcar, pode satisfazer o paladar sem exageros.
Por fim, dormir bem e controlar o estresse fazem toda a diferença, pois a privação de sono e a ansiedade aumentam o desejo por açúcar. O segredo não é cortar de vez, mas aprender a consumir com equilíbrio e consciência.