Sul Fluminense
Acabamos de sair do calendário carnavalesco e retomamos nossas atividades corporativas e cotidianas. A pergunta que fica é: O que fazer com os looks da folia? Você já parou para pensar no destino das suas peças?
Quando falamos de moda sustentável, estamos nos referindo ao movimento de consumo consciente e à maneira como adquirimos, lidamos e descartamos nossas roupas, além de pensar em como isso pode impactar o ambiente.
Os abadás, por exemplo, muito utilizados pelos foliões, surgiram da ideia de personalizar e dar mais identidade ao que antes eram as mortalhas, uma espécie de bata longa que ia até os pés, oferecendo conforto e praticidade. Nos anos 70 e 80, essa peça se tornou, junto ao trio elétrico, um dos símbolos do carnaval baiano.
Anos depois, o traje já não combinava com os novos tempos, que entre outras questões, pregavam corpos livres e liberdade sexual. Era muito pano! Então, passaram a dobrar, cortar, enrolar ou adotar algum outro truque para modificar e encurtar a fantasia.
Há relatos de foliões que, com dinheiro para apenas uma peça, cortavam o abadá para que ele servisse para duas pessoas. Foi aí que, a partir dos anos 90, a peça viralizou em festas de todo o Brasil.
O termo abadá, originalmente, está relacionado à indumentária da capoeira, de onde, inicialmente, tentou-se copiar o modelo.
Com o passar do tempo, as emblemáticas peças passaram por processos cada vez maiores de customização. Resultando hoje em looks em que a peça em si perdeu totalmente o destaque, restando apenas a logo do patrocinador.
É importante esclarecer que customização é diferente de upcycling. A customização é o ato de adaptar uma peça de acordo com as preferências ou necessidades de alguém. Já o upcycling consiste em dar um novo propósito a materiais que seriam descartados. Um exemplo clássico dessa prática é transformar uma calça jeans velha em uma bolsa ou outro item de moda ou casa. Esse processo é muito usado na moda, no design de interiores e na arte sustentável, reduzindo desperdício e incentivando o consumo consciente.
O Carnaval passa, mas o impacto das nossas escolhas permanece. Repensar o destino das roupas da folia não significa apenas evitar o desperdício, mas também adotar hábitos mais sustentáveis no dia a dia. Seja customizando, reaproveitando ou investindo no upcycling, cada atitude conta para um consumo mais consciente e uma moda com menos impacto ambiental. Afinal, se o abadá já se reinventou tantas vezes ao longo da história, por que não dar a ele (e a outras peças) um novo propósito?